segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Em nome do Pai

O individualismo está cada vez mais presente nas atitudes das pessoas. Todos estão querendo nos condicionar a viver dentro do seu mundo, nos obrigam a gostar das mesmas coisas, ter as mesmas crenças e atitudes. Quem ousa ter opinião contrária é recriminado ou julgado de maneira precipitada. Sinceramente, acho que está na hora das pessoas pararem de querer condicionar a felicidade a vida do outro. 
Cada ser é único. É individual. Tem direito de fazer suas próprias escolhas, goste você ou não. 
Deixo abaixo um texto do incrível humorista Bruno Mazzeo. Vale a pena ler!!!



Não gosto de fanatismo. De nenhum tipo. Religioso, futebolistico, político, por ex-BBBs, não gosto. Pra começo de conversa acho sempre um papo chato e isso por si só bastaria. Mas além da chatice, o fanatismo anda lado a lado com a hipocrisia. E essa soma toda acaba invetivavelmente desembocando na ignorância.
Fui criado numa família católica. Católica light, vamos dizer. Fui batizado, fiz Primeira Comunhão, todo o ritual como manda o figurino. Mas nunca fui de ir a Missa aos domingos. Apesar de minha avó ser daquele tipo que conversava com Jesus. Eu preferia ver as corridas de Fórmula 1. E isso não me faz uma pessoa menor.
Hoje não me considero católico, nem mesmo religioso, apesar de ser uma cara de fé. De muitas fés, diga-se de passagem, seja lá qual for o plural de fé. Tenho as forças superiores nas quais acredito, mesmo ainda não tendo chegado à conclusão definitiva sobre qual é a minha religião específica. E nem me cobro por isso, não sei se faço questão de rotular minhas crenças, porque a fé me basta e ela não costuma falhar. Quando vou a um hotel a ficha não pede que eu preencha esse tópico. Para tirar segunda via da habilitação o cara do Detran também não toca nesse assunto. Então, tudo bem se eu puder estudar um pouco mais o budismo (que é mais um filosofia de vida do que uma religião, mas enfim...), o espiritismo, o xamanismo, o rastafarismo, os extra-terrestes, mesmo o catolicismo. Enquanto isso vou acreditar no meu Deus. Veja bem: no meu. Que não necessáriamente é o pai de Jesus. Seja ele Deus, Buda, Alá, São Longuinho, Bob Marley. O que não me impede de rezar o Pai Nosso antes de entrar num palco, ou de agradecer a Deus (o meu) por mais um dia antes de dormir, ou de batizar meu filho numa igreja franciscana, ou de conversar constantemente com meu amigo anjo da guarda, ou de ir numa taróloga, ou de fazer cura prânica ou xamânica, ou de meditar, o de fazer o que der na telha para buscar me religar com o universo. Não é esse o sentido da palavra "religião"?
Respeito é bom e todo mundo gosta. Inclusive Jesus ou Seu Pai. Agora, o que é desrespeitoso varia de pessoa para pessoa, assim como os gostos e, por que não?, a religião em si. Jesus Cristo foi inúmeras vezes citado no "Cilada"e eu não me sinto merecedor de queimar no fogo do inferno por causa disso. Graças a Ele próprio nunca sofri acusações xiitas quando as cenas foram exibidas, mas eu sabia muito bem que corria esse risco. De John Lennon a Madonna, de Monty Python a um personagem do Chico Anysio, quem usou um crucifixo ou o "santo nome"em cena, numa foto, num palco, numa canção, ou seja lá onde for, vai ter que ouvir a ladainha de fanáticos e/ou hipócritas, com mil pedras nas mãos, ávidos por atirar a primeira. E aí resta me unir a Cazuza e pedir piedade, Senhor, piedade pra essa gente careta e covarde.
Querer tirar a Playboy das bancas por causa de uma foto com um crucifixo na mão é muito mais agressivo do que a foto em si. Pelamordedeus! Será a ditadura de Cristo? Carol Castro deve ter colocado água no feijão da Santa Ceia!
Jesus adoraria o ensaio. Quem garante que não? O que eu não sei é se Deus gosta de neguinho mundo agora fazendo gerra em Seu Nome. Em Seu ou de algum "colega", que pode até ser chamado de outro apelido, mas que no fundo é Ele mesmo. O mesmo que apontou pro Romário e disse que ele era o cara. Quem tem a cara do Morgan Freeman ou do Antonio Fagundes, que tem a cara que a gente quiser, ou não tem cara nenhuma. Que é homem, mulher, menino, velho, negro, branco, amarelo, energia, matéria, luz, eu você, que não tem dentes no país dos banguelas.
Tampouco sei se Ele é realmente conta a camisinha. Ou o sexo antes do casamento. Ou o sexo em si. Tô com Vinícius de Moraes, não vou acreditar em nada disso enquanto não me apresentarem um procuração com firma reconhecida em cartório. E se, por acaso, Ele fosse contra tudo isso, seria a Sua opinião. Não necessariamente a minha. Ou a sua, que me lê agora. A não ser que o assunto sejam padres pedófilos, aí eu tenho certeza de que Ele seria contra. Como eu. Como você. Graças a a Ele a maioria ainda pensa assim. Isso sim mereceria ataques xiitas, palavras ofencivas, protestos. Aliás, também tenho dúvidas se Ele anda gostando da cobrança de 10% em Seu nome, já que nunca cobrou royalties pela venda da Bíblia. Nem mesmo quando ela foi lida num CD pelo Cid Moreira. E olha que daria uma bela aposentadoria, afina, já foi dito que Ele só não é mais popular do que os Beatles!
Chega de usar o Santo Nome em vão para tentar inventar maldade onde não há. Ou alguém acha que a tal foto na revista causa um mundo pior? Ora, Deus tem coisas mais importantes para se preocupar. Como proporcionar o sol de cada dia ou, nos momentos em que está mais irritado, um tsunami. Tem coisas muito mais maléficas acontecendo em volta, inclusive em templos, ingrejas, terreiros, catedrais...
Quem acha que toda nudez deve ser castigada, tem todo o direito de não folhear a revista. Minha avó faria isso. Vai folhear a Veja, já que talvez não se incomode com candidatos usando o nome Dele para se eleger. Fazendo preces ao invés de mostrar programas de governo, enganando o povo humilde, deixando-os crentes que ele é gente. Aliás, já é hora do tal padre que criou a polêmica explicar pros seus superiores que diabos ele fazia com a Playboy da Carol Castro na sacristia! Escondam os balões de gás, que o padre pirou!
Que cada um encontre a sua fé (se quiser, se não quiser também tá tudo certo), suas crenças, sua busca pela paz interior. Sem julgar. Sem agredir. Sem impor. Isso sim é feio. Vai contra os princípios democráticos do Filho do Criador. É quase um pecado. Quase, porque ninguém é de ferro e todos nós somos filhos de Deus e uma das Suas funções é justamente perdoar.
Que tal buscar as coisas boas da vida dentro de si, ao invés de ficar buscando coisas ruins nos outros? Aliás, as que você acha ruim, mas que eu posso não achar. Always look on the bright side of life. Como cantou o humorista inglês Eric Idle - crucificado, diga-se de passagem.
Senhor perdoai os fanáticos, eles não sabem o que fazem!




4 comentários:

Anônimo disse...

Simplesmente excepcional... muito verdadeiro.
Se todas as pessoas tivessem esta visão, com certeza o mundo seria bem melhor!

dudufilgueira disse...

Essa postagem vai de acordo com a minha filosofia de vida, baseado na minha religião.Eu pratico o Budismo de Nitirem Daichonin e a nossa filosofia se basea na lei da causa e efeito,ou é vitoria ou derrota, nao tem meio termo e nem ilusões, não existe nada fora da gente, ter consciência disso e lutar pela sua felicidade e de toda humanidade,isso é Revolução Humana.

dudufilgueira disse...

Eu pratico o Budismo de Niterem Daichonim,e essa postagem tem tudo haver com a nossa filosofia, baseado na lei da causa e efeito,nós acreditamos em nós mesmos,tá tudo dentro da gente e não existe meio termo, ou é vitoria ou derrota.

Anônimo disse...

texto maravilhoso... de muita inspiração...um verdadeiro recado
do Criador.
Sou estudiosa da Doutrina Espírita...tudo a ver.
liberdade, responsabilidade e fé.